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Muitas pessoas têm receio de fazer procedimentos porque, na verdade, vêm faces conhecidas com resultados estranhos e inestéticos! Em  contraponto, os tratamentos bem sucedidos não chamam a atenção pelos melhores motivos.

Os tratamentos bem realizados, com um bom diagnóstico, planeamento, bom senso e técnicas refinadas, são indetetáveis. Isto é, respeitam a naturalidade.

A artificialidade decorre de procedimentos que não foram bem conduzidos. Ela não resulta de procedimentos inteligentes e bem executados!

Antes de analisar as causas maiores da artificialidade em estética médica facial, permitam-me esta provocação a um dos argumentos mais frequentes: 

Muitas pessoas dizem não querer fazer procedimentos porque “não quero mudar”. Mas a mudança é inevitável e, pelo menos por enquanto, o envelhecimento continua a ser inevitável e um privilégio dos vivos!

Analisemos, por exemplo, a mudança natural dos lábios ao longo da vida. Eles vão ficar progressivamente mais finos, vão, efetivamente, mudar. Se quisermos manter as proporções, volume e hidratação, teremos de assumir a realização de um procedimento, ou seja, uma mudança para corrigir ou mesmo melhorar. Mas, trata-se de uma mudança positiva para um aspeto melhor e com naturalidade. E quando é que ela passa a negativa? A mudança é negativa quando gera estranheza, quando há desproporção, causando uma sensação de artificialidade.

Causas maiores de artificialidade de tratamentos de harmonização facial

A importância de saber dizer “não”

A questão impõe-se: de quem é que é a responsabilidade disto tudo? Na verdade, a responsabilidade primária é sempre do profissional porque cabe ao profissional dizer “não”! Eu digo não muitas vezes e esta não é resposta mais fácil. Mas é a que protege o bem-estar do meu paciente e a minha integridade profissional.

Naturalmente, e apesar de serem estas as exceções, há pacientes que acabam por se deixar conduzir no exagero com a cobertura de alguns profissionais. Mas, o profissional tem de chamar a si a responsabilidade de dizer “não”, porque é fácil a pessoa perder a noção da sua imagem inicial antes de qualquer intervenção. O paciente faz um procedimento e se em breve fizer o seguinte e mais outro, pode cair numa espiral de procedimentos em que perde a memória visual da sua autoimagem com perda das suas referências de identidade. Aqui reside a importância de ter um bom profissional que faça o devido seguimento e acompanhamento ao longo do tempo.

Acreditem, por vezes, um “não” é o melhor serviço que podemos entregar a um paciente!

O paradigma do aumento da longevidade 

Nos dias que correm, o nosso grande paradoxo é o aumento da nossa longevidade. Independentemente da geração de que faz parte, visualize a geração das suas mães e avós, quando elas estavam por exemplo na faixa dos 40 e 50 anos. “Senhoras”, mulheres em outra etapa da vida, que hoje parece desajustada da sua realidade. Não só a nossa longevidade estimada é maior, mas também observamos um prolongamento da nossa vida ativa, social e profissional. Com isto, procuramos cada vez mais que a nossa imagem acompanhe este estado de vitalidade prolongado. 

Somos comunicação, vivemos em sociedade e desejamos que a imagem pessoal reflita a forma como nos sentimos. Os procedimentos anti-aging, como bioestimuladores, tratamentos para melhoria de qualidade da pele e algumas tecnologias, promovem resultados naturais. Os resultados, usualmente, são progressivos e é preciso ter alguma paciência e confiar no processo. Quando forçamos este equilíbrio, realizando mais e mais procedimentos, numa tentativa de obter melhorias mais rápidas ou procurando resultados inatingíveis, corremos o risco de evoluir para resultados artificiais.

O problema do erro clínico

Mesmo sem procedimentos exagerados, como por exemplo decorre da volumização com preenchimentos, o erro técnico também pode conduzir a resultados com aparência pouco natural.

Vejamos o caso frequente do preenchimento da região das olheiras com ácido hialurónico. Já viu alguém em que esta região parece inchada ou que quando faz um sorriso aparece uma elevação com um aspeto de “salsicha” abaixo desta região? Usualmente isto decorre de erros clínicos relacionados com má escolha de produto ou uma execução técnica incorreta. Por outras palavras, destreza e perícia técnica são essenciais.

Não respeitar a “sequela estética”

Todos, mas mesmo todos os procedimentos deixam uma “sequela” na face, seja ela boa ou má!

Vamos analisar. Quando dizemos “o Botox dura x meses”, é verdade. Mas, durante esses meses poderá haver uma alteração da dinâmica muscular da face que pode desencadear, por exemplo, uma mímica facial negativa. Também há alguns anos atrás considerava-se que os preenchedores de ácido hialurónico duravam em média de 8 a 12 meses, dependendo da zona onde seriam aplicados. Sabemos hoje que não é assim e que eles podem durar muito mais tempo, embora em algum momento o resultado do tratamento possa já não ser visível. Mas, algumas quantidades de produtos podem persistir por vários anos nos tecidos, bem como uma “memória”, algo similar a uma cicatrização. Os preenchimentos faciais são uma maravilhosa ferramenta de tratamento estético, mas devem ser usados com responsabilidade.

Se dúvidas houvesse, qualquer pessoa que trabalhe nesta área há tempo suficiente vai perceber que, por exemplo, preencher um lábio pela primeira vez, é muito mais fácil do que mexer num lábio que já foi intervencionado. Imaginem agora quando há excesso de tratamentos! Assim, a reversibilidade de procedimentos que não correram bem, nunca é total.

Excesso de preenchimento 

O excesso de volumização com um resultado inestético e artificial imediato está condenado à partida e não merece sequer mais considerações, porque é de uma análise simples e intuitiva. 

Mas sabia que também alguns tratamentos inicialmente estéticos e agradáveis podem evoluir para a artificialidade com o tempo? Certamente tem observado muitas imagens de “antes e depois” na Internet com transformações dramáticas. Muitas destas imagens foram previamente manipuladas e aquelas que têm correspondência com a realidade resultam da administração de grandes volumes de preenchimento.

Já ouviu falar em migração de produto? A nossa face não foi criada para estar imóvel, o rosto mexe todos os dias! O preenchimento vai estar sujeito à tensão e forças que resultam dos movimentos naturais da nossa face. E isto significa que o risco de migração do preenchedor é real, como demonstra a literatura e o que observamos em vários pacientes que nos procuraram para resolver algumas complicações. O ideal é conseguir fazer sempre o máximo de resultado, com o mínimo de intervenção e de produto!

Finalizo este artigo com algumas considerações muito pessoais:

  • Tem de haver muito respeito pela face dos pacientes e, efetivamente, a artificialidade ou o exagero não acontece por acaso, acontece sim porque se trabalhou nesse sentido!
  • Todos os procedimentos de Harmonização Facial devem ser conduzidos de forma responsável. 
  • Vejamos: uma abordagem ética e conservadora não parece gerar mais faturação no momento e a contabilidade reclama. Mas é, sem sombra de dúvida, a chave para o bem-estar do paciente e para a longevidade do relacionamento com esse mesmo paciente. E, felizmente, tenho pacientes que estão comigo desde o primeiro dia em que comecei a trabalhar nesta área há muitos anos atrás.
  • Tudo o que fazemos hoje, por mais temporário que pareça ser (botox, preenchimento, bioestimuladores, etc.), deixa uma “marca” que fica na pele e nos tecidos, aquilo a que eu chamo de “memória estética”!
  • Que a sua face evolua apenas com memórias positivas, que a sua identidade seja sempre única e que ela desperte beleza em si e em todos com quem se relaciona. Isto é beleza, isto é saúde!

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