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A ilusão da beleza perfeita

Pele perfeita sem poros, malar esculpido, sobrancelhas felinas, contorno mandibular hiper definido, dentes extremamente brancos, olhos grandes e lábios exóticos são algumas referências do padrão de beleza promovido por tantas imagens que vemos nas redes sociais. A isto chamamos Instagram Face ou Snapchat Face.

Hoje, a edição da imagem da nossa própria face está à distancia de uns cliques na App do ecrã. Quase que instantaneamente podemos ver a nossa face “modificada” de acordo com os padrões de beleza virtuais. 

As celebridades nas redes sociais

As celebridades não são imunes a esta compulsão e até mesmo os rostos mais cobiçados do planeta não resistem a um face tuning e exibem nos ecrãs dos nossos telemóveis a sua versão editada, que nada (ou muito pouco!) tem a ver com a realidade. Em algumas imagens a utilização do filtro é absolutamente evidente, particularmente em redes como o Tik Tok e o Snapchat. Mas, por vezes, os filtros são tão realistas que é difícil distinguir o que é real do virtual e cada vez mais consolidamos ideais de beleza inatingíveis.

O cérebro Homo Sapiens e a realidade virtual

Enquanto isso, o nosso cérebro Homo Sapiens, com milhares de anos de evolução, tem de se adaptar diariamente a dezenas, centenas de rostos perfeitos, sejam de celebridades, de amigos ou até da vizinha. E é assim que todos os dias consolidamos um referencial de beleza que não existe. 

A forma como gerimos esta informação não é igual em todas as pessoas. E mesmo as que exercem um maior desapego digital, não são completamente imunes a este efeito. 

O problema é que estamos a comparar a nossa imagem real, não apenas com a versão editada das celebridades e das nossas relações sociais mais próximas, mas também com a nossa própria versão editada. Para muitas pessoas esta comparação gera ansiedade social e insegurança. Em alguns casos mais severos pode levar a uma perturbação mais grave: a dismorfia corporal.

O que é a dismorfia corporal?

A dismorfia corporal é uma doença mental na qual a pessoa está persistentemente preocupada com um ou mais “defeitos cosméticos” da sua aparência. Mas este “defeito cosmético” não é significativo ou sequer visível aos olhos dos outros. No entanto, a pressão causada por esta preocupação persistente causa no próprio ansiedade social, inquietação e até sintomas depressivos. A gravidade desta condição é variável, mas tende a ser mais aguda em populações mais frágeis como os adolescentes e mulheres jovens.

Os procedimentos estéticos na era da medicina estética

Com a crescente facilidade no acesso a procedimentos estéticos, tornou-se cada vez mais frequente a procura de procedimentos, onde nos é pedido uma aproximação a uma determinada imagem filtrada. Ou seja, os pacientes trazem fotos de uma celebridade e solicitam um determinado procedimento que viram que ela realizou, negligenciando o fato que aquela pessoa vive da imagem e, muito provavelmente, realizou muitos mais procedimentos do que aqueles que informou, ignorando, igualmente, que a suposta imagem do resultado final também está editada. Por outro lado, é também cada vez mais frequente o paciente trazer imagens de si próprio na sua versão filtrada. Este exercício não é necessariamente mau, se servir o único propósito de demonstrar ao médico qual o aspeto estético que gostaria de melhorar e se as suas expectativas forem realistas.

É neste preciso momento que cabe ao profissional de saúde fazer uma consulta correta e informativa, avaliando se o paciente é um bom candidato a determinado procedimento. Caso contrário, estaremos a contribuir para uma geração de pacientes/seres humanos insatisfeitos, na busca incessante do próximo procedimento a caminho de uma inatingível perfeição.

Mensagem para um uso mais saudável das redes sociais

1- Defina limites

Observe quantas horas dedica à utilização das redes sociais. Atualmente, os telemóveis têm programas que nos permitem monitorizar e até criar alertas para limites diários. Observe como se sente após a utilização das redes.

2 – Filtre os seus feeds

Limite as contas que segue a conteúdos inspiradores e positivos. Quando notar que determinadas contas não contribuem para seu bem-estar, deixe de seguir ou bloqueie essas contas.

3 – Poste de forma consciente

Observe se as imagens que posta de si o fazem sentir mais empoderado ou fragilizado. Decida, conscientemente, se quer postar imagens filtradas ou editadas. Observe como se sente em cada um dos casos. Cada vez que escolher postar com filtros lembre-se que é apenas um avatar seu. A sua imagem mais preciosa é a da vida real e o nosso corpo, com todas as suas imperfeições, é precioso!

4 – Aprecie a sua singularidade

Não se esqueça que a sua imagem real e as suas singularidades são o que a torna única(o). 

5 – Cultive as suas ligações sociais fora das redes

Cultive relações e atividades sociais fora da rede social.

6 – Procure ajuda 

Se sentir que a sua auto-estima não está saudável ou se está a lidar com uma depressão ou ansiedade social, procure ajuda especializada. A verdade é que não está só e cada vez mais pessoas estão a lidar ativamente para melhorar a sua saúde emocional e mental.

Até breve!

Sempre consigo!


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