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Quais os benefícios da suplementação com colagénio? Será que funciona mesmo? Neste artigo deixo a minha opinião pessoal e profissional, com o intuito de ajudar a esclarecer os “supostos” benefícios do colagénio quando ingerido na forma de suplemento alimentar.

O colagénio é uma proteína que o nosso corpo produz naturalmente. Na pele apresenta-se como uma molécula “gigante” que resulta do somatório de pequenas moléculas que se unem em cadeia – os aminoácidos. Por sua vez, estas cadeias, agrupam-se formando uma fibra resistente e com elasticidade.

No entanto, com o avançar da idade vamos produzindo cada vez menos colagénio. Para além de uma capacidade cada vez mais reduzida de sintetizar colagénio, os mecanismos naturais que o nosso organismo usa na sua reparação, também começam a ser cada vez menos eficazes e é por isso que nas pessoas menos jovens o colagénio vai acumulando pequenos defeitos que se vão somando.

No que respeita à qualidade da pele, o colagénio é fundamental no suporte, estrutura e comportamento elástico. O seu papel é igualmente importante para o bom funcionamento dos ossos, cartilagens, ligamentos, tendões e artérias.

Por volta dos 30 anos o colagénio começa a diminuir. Muito provavelmente este declínio já está geneticamente pré determinado, mas é acelerado por radicais livres devido à má alimentação, o tabagismo, a exposição excessiva ao sol, a poluição, o stress, etc.

Com o avançar dos anos verificamos na pele um decréscimo progressivo na qualidade e quantidade de colagénio.

Age-related dermal collagen changes during development, maturation and ageing – a morphometric and comparative study V. Marcos-Garces, Journal of Anatomy, 2014.

Age-related dermal collagen changes during development, maturation and ageing – a morphometric and comparative study V. Marcos-Garces, Journal of Anatomy, 2014.

A importância do funcionamento do sistema digestivo

Para uma melhor compreensão sobre a lógica da suplementação com colagénio, convém relembrar que todos os alimentos que ingerimos iniciam o seu processo digestivo na boca, descendo pelo esófago, continuando depois até ao estômago e intestino.

Muito importante: o colagénio é uma molécula com dimensões muito superiores àquelas que podem atravessar a barraeira gastro intestinal, ou seja, o colagénio simplesmente não é absorvido!!!

Tal como acontece com as outras proteínas, o colagénio é digerido, ou seja, quebrado em moléculas mais pequenas – os aminoácidos – que são passíveis de digestão.

Assim, ao tomarmos um suplemento de colagénio, quando muito estaremos a absorver os aminoácidos que o nosso corpo poderá depois usar, ou não, para voltar a produzir colagénio.

A suplementação com colagénio é realmente benéfica?

Como já referi, o colagénio é uma molécula demasiado grande para ser absorvida pelo nosso organismo. Sempre que ingerimos colagénio via suplementos ou alimentação, o seu destino é o mesmo: a molécula é degradada aos seus compostos mais pequenos e esses sim podem ser absorvidos.

A conclusão é bastante simples: qualquer suplemento de colagénio (seja isolado ou adicionado em alimentos, bebidas ou cápsulas) é tão eficiente para aumentar a sua produção no nosso corpo, como qualquer outro alimento naturalmente rico nesta proteína.

Será que devemos acreditar que a toma destes suplementos, e logo, aumentando apenas a absorção dos nutrientes que compõe esta molécula, conseguimos induzir o nosso organismo a produzir mais colagénio? Nutrientes esses que já estão naturalmente presentes numa alimentação variada. Até ao momento desconheço a publicação de qualquer artigo científico válido e isento que ateste isto mesmo.

Para além de tudo isto, para que o nosso organismo produza colagénio precisa de muitas mais substâncias, como por exemplo a vitamina C, sem a qual esta síntese não ocorre, independentemente do aporte nutricional de colagénio.

Consideremos um exemplo clássico: a famosa doença dos primeiros exploradores marinheiros, o escorbuto.

Esta doença é a manifestação de uma deficiência de colagénio, resultante da falta de ingestão de vitamina C. Os marinheiros podiam não ter falta de aminoácidos, mas a bordo das naus a ausência de alimentos frescos fonte de vitamina C conduzia a uma grande deficiência nesta vitamina, que por sua vez, impedia a adequada produção de colagénio. Os marinheiros acabavam, assim, por desenvolver escorbuto.

E quanto a outras formas de administração de colagénio?

A aplicação tópica de cremes com colagénio é pura utopia! Mais uma vez, as fibras de colagénio são demasiado grandes para atravasserem a barreira cutânea. Logo, estes cosméticos não têm qualquer efeito sobre as reservas ou mesmo na produção de colagénio no tecido corporal.

O tratamento da pele com injectáveis de colagénio para preenchimento está associado a reacções alérgicas e de sensibilização, pelo que a sua utilização não está aconselhada.

O que devo procurar num suplemento para melhorar a minha pele?

O primeiro passo é básico e intuitivo: invista numa alimentação saudável e variada, não descurando as fontes de proteína.

Caso decida fazer suplementos e considerando o cuidado anti-idade da pele, sugiro que dê preferência a fórmulas contendo uma diversidade de nutrientes que auxiliem na produção de colagénio, mas também nas defesas da pele e da sua integridade estrutural. Deixo aqui uma listinha rápida de alguns dos meus ingredientes preferidos neste tipo de fórmullas:

– Vitamina A

– Vitamina C

– Vitamina E

– Carotenoides e Licopenos

– Ómega 3

– Resvertarol

– Zinco

Quais o tratamentos que me permitem estimular o colagénio na pele?

O Microagulhamento, Plasma Enriquecido em Fatores de Crescimento (“Vamipre Facelift”), Skinboosters, Preenchimento com Bioestimuladores e Fios para bioestimulação estão entre os tratamentos mais atuais e eficazes com esta indicação.

A minha opinião

Na minha opinião pessoal e profissional, as evidências científicas de que a suplementação com colagénio é eficaz na melhoria da qualidade da pele são muito escassas e muitas vezes associadas à indústria que os promove.

Excetuando períodos específicos em que o aporte dos aminoácidos do colagénio por via alimentar está diminuída, ou as necessidades do corpo aumentadas como durante um tratamento com bioestimuladores, este tipo de suplemento não parece decisivo no cuidado da pele.

Com toda a certeza vão ler e ouvir opiniões contrárias a esta, mas espero ter deixado algumas dicas úteis para que possam tomar decisões cada vez mais informadas.

Até breve!

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Dr.ª Sónia Esteves

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