A simetria é considerada, tanto pela arte, como pela ciência, um dos requisitos para que um rosto nos pareça belo. No entanto, a face humana nunca é perfeitamente simétrica.
Sabia que uma das preocupações mais comuns dos pacientes nos consultórios estéticos está relacionada com assimetrias faciais? É muito comum detetarmos assimetrias na nossa face que, frequentemente, acabam por causar preocupação ou até insegurança.
Porque é que sentimos que a simetria contribui para a beleza facial?
O nosso cérebro está programado para uma forte associação entre simetria e beleza. Pensemos nas grandes obras de arte. Esculturas e pinturas de rostos belos tendem a apresentar marcada simetria, enquanto que a representação do feio ou negativo tende a ser assimétrico. Até as representações artísticas, como obras de arquitetura, tendem a favorecer a simetria.
A evolução influenciou o comportamento biológico das espécies na preferência pelo simétrico. No reino animal, a simetria é um sinal de saúde e fecundidade, enquanto que uma assimetria tende para o desequilíbrio, podendo sugerir falta de saúde. Ou seja, a atração pelo simétrico na perceção de beleza tem origens profundas na evolução dos seres vivos!
Do ponto de vista do fenómeno psicológico, a nossa mente diz-nos que a beleza e a simetria estão profundamente associadas. Tendemos a formar uma imagem da pessoa quando a conhecemos numa fração de segundos e a simetria e a beleza tendem a sugerir um rosto mais “equilibrado” com uma conotação positiva. Já uma face com assimetrias acentuadas, pode contribuir para uma perceção negativa da sua personalidade.
Não obstante, não encontramos a simetria absoluta na face humana. Aliás, têm sido feitos vários ensaios digitais com composições de faces 100% simétricas e o resultado tende a ser estranho. O fotógrafo Alex John Beck fez uma série de montagens digitais a partir das hemifaces dos seus modelos, criando uma face simétrica com o lado esquerdo e o lado direito. Ele conta que pelo menos um dos seus modelos ficou tão perturbado que teve que remover as suas imagens.
Saiba que vários estudos de cariz científico têm verificado que quando observamos um rosto absolutamente simétrico, ele tende a gerar estranheza aos olhos do observador e não necessariamente beleza.
Concluímos, assim, que um elevado grau de assimetria é desejado, mas não a simetria facial absoluta!
Quando é que a assimetria começa a ser um problema?
A assimetria começa a ser uma preocupação quando, efetivamente, ela começa a ultrapassar aquilo que é considerado “a normalidade”, ou seja, quando há graus de assimetria muito significativos.
Em todo o caso, partilho convosco esta curiosidade: alguns dos rostos universalmente considerados como os mais bonitos são, na realidade, assimétricos.
Causas da assimetria
As causas da assimetria facial são muitas e de origem diversificada:
Fatores congénitos – algumas assimetrias já estão programadas em nós à nascença. Na maioria das vezes, são assimetrias discretas como as que condicionam que um lado da estrutura óssea facial seja mais débil do que a do lado oposto.
Hábitos – alguns hábitos diários favorecem a assimetria. Por exemplo, a mastigação predominantemente unilateral, causa um maior desenvolvimento muscular de um lado da face, levando a uma perda progressiva de simetria; dormir sempre para o mesmo lado, também origina assimetrias como rugas de compressão.
Acidentes – quando ocorre algum tipo de trauma facial, a consequência pode ser uma assimetria leve ou, em alguns casos, mais acentuada.
Uma mordida/oclusão dentária cruzada – esta situação ocorre quando há um desvio à esquerda ou à direita, na forma como encaixam os dentes superiores e inferiores.
O envelhecimento facial – aliado à soma dos fatores que causam o envelhecimento facial, tendencialmente fazem com que a assimetria se vá agravando ao longo da vida.
Patologias diversas – alguns síndromes e doenças adquiridas são responsáveis pelo desenvolvimento de assimetrias faciais. Frequentemente, estas condições são mais severas e requerem correção cirúrgica.
Tratamento/correção
O primeiro passo é procurar identificar fatores causais, naturalmente quando eles existem. Por exemplo, a perda dentária unilateral vai afetar a mastigação, logo, seja pelo colapso dos tecidos moles do lado em que há perda dentária, seja pelo desenvolvimento da musculação, que permite fazer a mastigação do lado que está em carga excessiva, há todo um conjunto de fatores que devem ser diagnosticados. Porquê? Porque se podermos tratar a causa, obviamente teremos, na fase seguinte, todo um tratamento muito mais tranquilo e com melhores possibilidades de se conseguir uma correção maior.
Relativamente a intervenções na própria face, é verdade que podemos tentar amenizar essas assimetrias quando elas são discretas, através de procedimentos estéticos. A harmonização facial tem, de fato, um desempenho muito interessante neste âmbito.
A correção de alguns casos clínicos comportando assimetrias faciais mais dramáticas podem requerer correção cirúrgica maxilo-facial. Sendo que nestes casos é frequente associar uma melhoria funcional e um resultado mais duradouro.
O ser humano é intrinsecamente assimétrico. Mas são as assimetrias faciais que nos fascinam ou não estivéssemos a falar de parte do nosso corpo que mais contribui para a nossa identidade! Se detetou assimetrias na sua face que lhe causaram preocupação, respire fundo. Todos nós somos assimétricos e, na maioria dos casos, esta característica não é valorizada pelas pessoas que nos rodeiam. Mas se ainda pretende uma avaliação e possível tratamento para amenizar estes aspetos, procure um olhar profissional com cariz clínico. Poderá identificar alguns pontos que merecem tratamento, amenizando, assim, a divergência entre as suas metades 😊
Mas deixo este assunto para o meu próximo artigo!
Até breve!